

O República dos Bananas hesitou antes de embarcar de mala, cuia e bolsas Louis Vuitton® na onda bolsono-olavista. Fomos convencidos quando o guru e filósofo dos novos tempos declarou ameaçadoramente: “Em breve só restarão duas religiões no mundo: maconha e cu”. Trememos na base. Afinal, por mais que a gente curta cu e maconha, nos parece inconcebível uma sociedade que exclua dos cânones sagrados itens indispensáveis como buceta e cocaína.
Esta foi a gota d´água que passarinho não bebe que nos fez refletir: Por muito tempo o marxismo cultural dominou os meios de comunicação, a intelectualidade e as produções artísticas, em uma postura comunista gramsciniana que abarca um projeto anárquico político-pedagógico – cujas proporções só agora começamos a desvendar.
Esta é a hora de reagir a essa pouca vergonha – e o República dos Bananas quer estar na vanguarda desta contrarrevolução conservadora.
Defendemos a família nuclear – que é a base da moral cristã tradicional.
Ou seja, a família composta por um marido, uma esposa e um amante travesti, todos unidos nas missas de domingo para provar da mesma hóstia e celebrar os mesmos valores cristãos, expressos na Bíblia.
E que fique claro – um travesti HOMEM, já que a ideologia de gênero é uma invenção de terroristas culturais que querem enfraquecer a masculinidade ocidental para que sejamos invadidos pela Coreia do Norte – ou do Sul (uma porra dessas).
Depois de celebrada a comunhão em Deus, nos reuniremos em casa para dançar ao som dos novos trabalhos de Lady Gaga, discutir os melhores filmes de Cher e preparar as comemorações do 60º. aniversário da diva Madonna, que se aproxima.
Mas sempre fiéis aos dogmas de nosso guru intelectual, o magnífico horoscopista Olavo de Carvalho, honrado herdeiro de Omar Cardoso e Zora Yonara, um solitário guardião dos valores machos heteros e cis que moldam a civilização ocidental.
É possível manter um caso paralelo com um traveco e trair a esposa? Claro que sim, desde que nossos signos sejam compatíveis depois de uma rigorosa análise do mapa astral Olavesco e que o travesti que namoramos não queira se passar por mulher.
Afinal, Deus criou Adão e Eva – e não Adão, Eva e Roberta Close.
Deus só permite que um travesti integre a nossa comunidade poliamor se ficar claro que ela é homem – e não uma pálida imitação de mulher.
Para deixar isso claro, depois de nossos folguedos amorosas, nossa esposa serve cerveja para mim e para o travesti também, já que a mulher deve obedecer aos homens da casa.
Sem isso, é o caos, a anarquia e a demolição dos pilares que sustentam as bases da civilização brasileira, ainda jovem – reconhecemos – mas que em menos de um milênio deve ter suas bases devidamente estabelecidas.
Outro ponto fundamental é a abolição da zoofilia – amor com cachorros, gatos, zebras ou Levy Fidelix devem ser abominados e excluídos do rol das práticas sexuais, bem como a sodomia (exceto quando praticada entre heterossexuais convictos).
Agora a República dos Bananas é bolsonarista.
Esperamos que um dos nossos membros – símbolos da heterossexualidade levada às últimas consequências – fique com o Ministério que estava reservado para o Magno Malta.
Afinal, é tempo de tempo de direitos humanos para seres humanos – e Malta, com aquela cara simiesca, dificilmente se enquadra nesta definição.
Vamos conquistar o poder. Nós, nossa esposa e Pamela, o traveco macho que nos serve sexual e amorosamente.
Renzo Mora é precursor do ventriloquismo em libras. A iniciativa segue em permanente aperfeiçoamento, dado que o boneco encobre a linguagem de sinais.